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Saúde e Bem-Estar

Como tratar a Síndrome do Ovário Policístico durante a pandemia

Dra. Tina Batalha

Colunista On: Dra. Tina Batalha

Ginecologista, especialista em medicina estética e cirurgia íntima
Como tratar a Síndrome do Ovário Policístico durante a pandemia

O isolamento social que a pandemia do novo coronavírus trouxe afetou a qualidade de vida e elevou o sedentarismo da população. Diante desse cenário, a ansiedade e o stress ocasionaram dificuldades para dormir e uma piora na alimentação, que passou a ser rica em carboidratos e açúcares. A resposta a essa junção de fatores apareceu no corpo através de distúrbios metabólicos e o que passei a ver cada vez mais dentro do consultório ginecológico, entre outras patologias, foi a Síndrome do Ovário Policístico (SOP). 

Apesar de levar esse nome, não significa dizer que o ovário seja o responsável por causar a síndrome. Na verdade, o órgão nos alerta que está acontecendo um distúrbio metabólico no corpo. Para chegar a esse diagnóstico, é preciso avaliar à clínica da paciente com as suas possíveis queixas, como rostos mais oleosos e acneicos, queda de cabelo, dificuldade para perder peso ou hisutimos (crescimento de pelos em locais indesejados) além da anovulação (a menstruação fica irregular). Essa é uma realidade metabólica que a pandemia fez exacerbar e deixar cada vez mais frequente. Do ponto de vista laboratorial, também são avaliadas as alterações hormonais e, na imagem, visualiza-se, nos ovários, multipolicísticos periféricos formando uma imagem parecida com "colar de pérolas".

Vale ressaltar que a SOP é plurimetabólica, portanto, são vários os pontos que têm que ser cuidados. Antigamente, se achava que a Síndrome do Ovário Policístico podia ser tratada com o uso do anticoncepcional. Hoje, sabemos que os anticoncepcionais pioram o quadro e funcionam apenas como uma espécie de “maquiagem” do problema. Embora melhore a pele e a queda de cabelo, o que realmente é necessário para uma melhora efetiva é que seja feita uma mudança no estilo de vida dessa paciente. 

Para isso, três pilares são levados em consideração. O primeiro diz respeito aos exames laboratoriais para detectar uma possível resistência insulínica. Às vezes, só tratando isso a patologia já é resolvida. O segundo tripé trata a alteração inflamatória intestinal, ou seja, cuidando do processo inflamatório intestinal (disbiose) da paciente já há uma melhora no metabolismo. E o terceiro pilar a ser levado em consideração é o sono dessa paciente. É necessário que ela durma um sono de qualidade para conseguir reorganizar o corpo. 

Atualmente, falamos muito em medicina integrativa e esse termo não é por acaso. Precisamos tratar essa mulher como um todo. Ela não é só o ovário. Ela tem um corpo, um metabolismo por trás acontecendo e eu, enquanto ginecologista, tenho tem que ter essa noção completa.

Mas, vale lembrar que também preciso de pelo menos três meses de empenho da paciente fazendo mudanças de hábitos de vida. Ela tem que passar a fazer atividade física de forma regular e passar por um processo de reeducação alimentar. 

Nesse processo, é fundamental o acompanhamento de uma equipe multidisciplinar para orientar quanto aos tipos de atividade física e alimentação. Depois de 21 dias nessa rotina, passa a ser mais tranquilo para essa mulher. Ela consegue adequar o seu estilo de vida porque estará mais disposta, dormindo melhor, com menos letargia e empachamento. Em resumo, seu organismo funcionará melhor como um todo.

Fica aqui o meu alerta sobre a importância de cuidar da sua saúde. A Síndrome de Ovário Policístico, a longo prazo, além de ser possível da paciente desenvolver diabetes e doenças cardiovasculares, os riscos maternos fetais dela entrar em uma gestação já com distúrbio (caso consiga engravidar) aumentam consideravelmente.

Cuide-se!

Imagem: pikisuperstar/Freepik

*Este material não reflete, necessariamente, a opinião do Aratu On.

Dra. Tina Batalha

Foto de Dra. Tina Batalha

Vice-presidente da Associação Brasileira de Cosmetoginecologia - ABCGIN, Professora da Universidade Internacional de Atlanta (EUA) e sócia da Clínica EMEG. Possui pós-graduação em Medicina Estética pela SBME (Sociedade Brasileira de Medicina Estética); em Colposcopia pela SOBACI (Sociedade Bahiana de Citopatologia), e em Patologia do trato Genital Inferior e Colposcopia pela UFBA. 

Instagram: @dratinabatalha
 

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