Alimentação interfere nos cuidados com os dentes na infância, alerta odontopediatra

A relação entre alimentação, estado nutricional e a condição bucal ainda não está bem esclarecida em nossa sociedade e vem apresentando, muitas vezes, um conhecimento limitado. Mesmo assim, há certa concordância em que o estado nutricional e a condição bucal estão associados, pois uma alimentação balanceada é capaz de proporcionar uma desejável condição bucal do indivíduo. Assim, alguns estados carenciais, ou mesmo a ingestão de alguns componentes alimentares específicos, podem influenciar os processos de odontogênese (formação dental), erupção e desenvolvimento da cárie dentária.

Para falar desse assunto, conversei com a ortodentista Sheila Pinheiro, especialista em odontopediatra e em odontologia da infância pela Universidade de São Paulo (USP). Ela pontua que os primeiros mil primeiro dias (da gestação até os dois anos de vida da criança), vão intervir em toda a vida. "Esse cuidado perpassa desde a educação alimentar gestacional, criando hábitos alimentarem que conduzem sua saúde, bem como a saúde bucal", diz.

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A profissional fala que, quase sempre, a ida da criança ao dentista não é algo "confortável". "Não é apenas ter um espaço lúcido e descontraído, é trazer todo atendimento de forma leve, através da conversa com ênfase na melhora da saúde", afirma. Para Dra. Sheila, um odontopediatra tem como papel de ser parceiro da criança e de sua famílias, pois, muitas vezes, quando chegam a seu consultório ja estão em processo de dor, então é preciso um tratamento humanizado.

No que tange à relação da alimentação com tratamento dentário, ela destaca que há mudanças nos cuidados com o dente no cenário atual, pois antigamente a ida ao dentista era apenas para implante e prótese quando havia reclamação de dor de dente e por este motivo havia-se muitas extrações. Hoje, de acordo com o que avalia dos seus próprios pacientes, a maioria das crianças chegam com cáries devido ao consumo de açúcar. Por isso a importância da mudança de hábitos, traçando um perfil de qualidade de vida e saúde bucal.

"A cárie dentária é uma das doenças de maior incidência na infância e a alimentação do hospedeiro pode ser vista como um fator primário de determinação da susceptibilidade para a doença. A alimentação inadequada afeta os dentes durante sua pré e pós-erupção, duas fases distintas no desenvolvimento dentário. Por este motivo, a alimentação na infância serve como tratamento precoce de todas as outras enfermidades, e todo cuidado no incentivo de alimentos saudáveis parte também do seu comprometimento em consultório, pois precisa da atuação dos pais nesse processo", explica a especialista.

Como a experiencia na infância se perpetua, é preciso posicionamento dos pais e/ou responsáveis, já que o cuidado com a a ingestão de devidos alimentos afeta no tratamento dentário. O consumo exacerbado de açúcar e alimentos industrializados, além dos famosos fast foods, são os grandes causadores dos problemas relacionados ao tratamento odontopediátrico.

Dra. Sheila reforça que estudos evidenciam que qualquer alimento oferecido à criança será reverberado por toda vida. "A criança que é menos exposta a alimentos com sacarose (açúcar) não terá paladar associado ao doce, pois a sacarose é como se fosse uma 'droga' na infância, vinculada a diversas enfermidades sistêmicas, como hiperatividade, diabetes e obesidade", explica.

Sheila Pinheiro, odontopediatra

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