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"Chacina dos jumentos": negócio lucrativo para a Bahia, abate de animais é visto com preocupação e MP vai à Justiça

A atividade consiste em retirar uma substância medicinal do couro dos jumentos e exportá-la para a china.

Por Da Redação

"Chacina dos jumentos": negócio lucrativo para a Bahia, abate de animais é visto com preocupação e MP vai à Justiça
Créditos da foto: ilustrativa/Pixabay

O Ministério Público da Bahia ajuizou, na terça-feira (8/3), uma ação civil pública contra a Agência Estadual de Defesa Agropecuária do Estado da Bahia (Adab) para que fortaleça a fiscalização nas propriedades criadoras e que recebem jumentos no estado. Também foi acionada a empresa Nordeste Pecuária, Indústria e Comércio. 

O MP pede para que a empresa, localizada no município de Amargosa, a 270 km de Salvador, suspenda o abate de jumentos em suas dependências até que a Adab regulamente a exigência do exame de Mormo e de anemia infecciosa equina como protocolo para o recebimento e o abate dos jumentos em todos os frigoríficos licenciados da Bahia.

Apesar de ainda ser tabu, o abate de jegues é uma atividade ecônomica bastante lucrativa na qual a Bahia tem sido destaque. Estima-se que o produto movimente bilhões de dólares por ano. A cidade de Amargosa é o principal polo no Brasil, seguido dos municipios baianos de Simões Filho e Itapetinga.

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Uma peça de couro de jegue, por exemplo, pode ser vendida na China por até U$ 4 mil (cerca de R$ 22,6 mil). Mas o mais lucrativo nos jumentos é que, desse mesmo couro, é possivel extrair uma substância medicinal popular na China.

Depois de morto com um tiro de ar comprimido entre os olhos, o couro do bicho é retirado, embalado em caixas e levado para a China, onde é transformado em uma gelatina que é usada para produzir o ejiao, pertencente a Tradicional Medicina Chinesa. Uma caixa de ejiao sai por R$ 750. 

EXTINÇÃO

Na ação, o MP requer que o abate seja suspenso até que seja "disciplinado um protocolo para a efetiva criação de uma cadeia produtiva destes animais no estado, demonstrando que o crescimento vegetativo da espécie seja superior ou, no mínimo, igual ao número de abates dos jumentos, a fim de evitar a extinção dos mesmos".

Em 2013, havia 900 mil jumentos no Brasil, a maior parte no Nordeste, segundo o IBGE. Agora, de acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), há por volta de 400 mil. Entre 2010 e 2014, o Brasil abateu 1 mil jumentos, enquanto entre 2015 e 2019, foram 91,6 mil.

Após a venda internacional, o número só aumenta. De acordo com uma reportagem da BBC, apenas na cidade de Amargosa, são 4,8 mil animais abatidos todos os meses, ou 57,6 mil por ano, sem contar outros municípios baianos.

Segundo o promotor de Justiça Julimar Barreto, informações do Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sipoa) da Superintendência Federal de Agricultura (SFA/Ba) enviadas ao MP mostraram que quase todo o produto do abate de jumentos é direcionado ao mercado chinês e que, no frigorífico de Amargosa, foram abatidos 28.199 jumentos de janeiro a novembro de 2021. “

Uma quantidade alarmante se comparada à quantidade total de animais vivos no Estado da Bahia que é de aproximadamente 400 mil”, destacou o promotor de Justiça.

“Estima-se que a China demande um consumo de 5 milhões de peles de jumento por ano, desde 2017, volume que o estoque interno não é capaz de atender. Na década passada, em razão das aproximações comerciais China/Brasil, relativas ao agronegócio e investimentos em infraestrutura, os chineses descobriram o Nordeste brasileiro como potencial fornecedor da pele de jumento para produzir o ejiao”, completou.

FISCALIZAÇÃO

O MP requer ainda que a Adab, no prazo máximo de 30 dias, adote medidas para fortalecer a fiscalização nas propriedades criadoras e fornecedoras dos bichos, além dos locais onde ocorre a triagem e a espera dos jumentos pro abate, apresentando relatório detalhado das propriedades fiscalizadas no prazo máximo de 60 dias. 

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