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Grafiteiro Limpo faz mural na TV Aratu e explica significado da 'menina magra' em seus desenhos

Nascido em Cajazeiras, artista mora há quinze anos na Suécia e pintou a emissora durante viagem à Bahia

Por Beatriz Bulhões

Grafiteiro Limpo faz mural na TV Aratu e explica significado da 'menina magra' em seus desenhos
Créditos da foto: Pintando o Cotidiano/TV Aratu

A casa do Grupo Aratu, na Federação, recebeu mais uma obra de arte nesta segunda-feira (23/1).  A sede da TV Aratu, afiliada do SBT na Bahia, já tinha recebido outros dois murais feitos por Geziel Ramos, artisticamente conhecido como Kbça, e Tárcio Vasconcelos. 

Dessa vez, o artista é Limpo Rocha, de 42 anos, nascido no bairro de Cajazeiras e morador da Suécia há 15 anos. De passagem pela terra natal para visitar a família, ele tirou um tempo para grafitar uma das paredes da empresa com a obra "Pintando o Cotidiano" e bater um papo com o Aratu On.

Filho de mãe professora de português e história, o menino disléxico pouco se afeiçoou à primeira matéria. A responsável não gostava que ele saísse nas ruas e dizia que 'brincasse com os livros'. Como não se entendia com as letras, passou a desenhar todas as figuras que encontrava nos livros. Quando podia sair, dizia que ia para alguma festa, mas na verdade ia pintar muros. "Foi daí que surgiu o apelido, porque eu sempre dizia 'tenho que voltar limpo, não posso me sujar, preciso ficar limpo'", conta.

Atualmente, depois de diversas exposições, incluindo em um castelo Sueco, sempre que pode volta a Salvador. Caso queira ver outras obras de Limpo pela cidade, há grafites recentes na Rua Principal de Praia do Forte, na Feira de São Joaquim e alguns menores na Gamboa. Além disso, o baiano deve passar ainda por Barra Grande, na península de Maraú; Itacaré, no sul do Estado; além de obras já feitas em Morro de São Paulo. Para encontrá-las, é fácil: basta procurar a assinatura e a clássica menina magra de cabelos lisos, marca carimbada do seu trabalho.

A MENINA

No começo da trajetória, ele pintava corpos sem gênero e não tinha um padrão específico. "Começou com uma menina que encontrei debaixo do viaduto da Avenida Vasco da Gama. Ela veio magrinha, assim, com o cabelo meio amarronzado, muito linda, com um papelão na mão. Perguntou o que eu tava fazendo, meio com medo, meio reservada, e eu falei 'grafite'. Trocamos ideia, depois ela sumiu", conta, sem que tivesse tempo de perguntar o nome dela", narra.

Tempo depois, voltou a encontrá-la quando pintava próximo ao Elevador Lacerda, no Iguatemi e em outros lugares. "Eu falei 'nossa, muito louco, já tô encontrando constantemente, quase que esperando, como uma amiga'", lembra. A menina chegou a contar a vida dela e que vivia na rua por ter um pai alcoólatra e abusivo, mas não disse o nome", relembra.

Além da lembrança da menina, a forma que a desenhava uniu o útil ao agradável: "os muros de Salvador não são compridos, como os de São Paulo e de outras cidades, eles são longos. Então, para fazer uma figura humana, ela sempre saía 'cortada', sem os pés. Foi quando tive a ideia de fazer um desenho deitado, alongado", explica.

"Quando fiz o desenho esticado, vi que saiu muito magro e logo lembrei da menina", resume.

O GALO

Para a pintura na Aratu, além da clássica menina, outro elemento não podia faltar: o tradicional galo, símbolo da emissora. No seu jeito freestyle, desenhou a garota pintando o animal.

"Uma coisa que me chama a atenção é a Aratu estar dentro de um bairro, de uma comunidade, por isso desenhei várias casinhas. E o Galo alí, como se estivesse sobrevoando, filmando, fiscalizando, olhando pela cidade", explica.

OS RISCOS

Outro ponto comum na sua arte é o uso de cores fortes e linhas como "rabiscadas", como ele próprio define. O colorido foi o que mais chamou a atenção dos suecos, acostumados apenas as pichações em preto e branco, com letras.

O chamado para o exterior partiu de um amigo que já morava na Suécia. No Brasil, Limpo já havia conseguido driblar a mãe e começar a pintar muros. Conservadora, ela pediu apenas que o filho estudasse pintura, já que era isso que queria. Ele fez cursos no Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM), mas achava a carreira acadêmica muito quadrada.

Durante uma de suas exposições, em um bar no Santo Antônio Além do Carmo, recebeu o conselho de que saísse do país. Atualmente morador de Malmö, próximo à fronteira com a Dinamarca, se tornou uma celebridade: expôs em festivais famosos, fez oficinas para crianças carentes, estampou páginas dos jornais e aumentou seu repertório. "Quando sai matéria em revista e jornal fica todo mundo me olhando na rua, eu não gosto... venho logo pra Salvador", conta, rindo. 

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