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Pinto de Aguiar não homenageia quantidade de motéis: lista das 10 ruas e avenidas de Salvador que levam nome de pessoas e você nem imagina quem foram elas

Um detalhe a ser destacado é a falta de ruas e avenidas de grande importância que tenham nomes de mulheres.

Por Lucas Pereira

Pinto de Aguiar não homenageia quantidade de motéis: lista das 10 ruas e avenidas de Salvador que levam nome de pessoas e você nem imagina quem foram elas
Créditos da foto: GOVBa

Todos os dias, milhares de pessoas vão e vem pelas ruas e avenidas que cortam Salvador. Independente de como se transite - a pé, de carro ou mesmo pelos vários modais do transporte público - o que não muda são os nomes dessas várias vias. Na verdade, no começo deste ano, uma importante avenida foi “rebatizada”: a antiga Adhemar de Barros virou Milton Santos, em homenagem ao importante geógrafo baiano.

O que muitos podem se perguntar é “quem foi Adhemar de Barros, para ganhar uma avenida com seu nome?”. E, expandindo ainda mais o questionamento, você já se perguntou quem foi Pinto de Aguiar? Ou mesmo o que fazia Silveira Martins? Nesta matéria você vai finalmente ser apresentado aos “patronos” de dez importantes ruas e avenidas de Salvador.

CONTEXTOS

Recorremos à ajuda do professor e historiador Rafael Dantas para descobrir como funciona esse “batismo” de ruas, avenidas e logradouros públicos. Segundo ele, os nomes de ruas e avenidas têm um diálogo direto com o contexto histórico da cidade.

Ao longo dos anos, logradouros passaram por alterações pelo contexto, à exemplo das Rua Direita do Palácio e Rua dos Mercadores, que compõem a atual Rua Chile. Enquanto a primeira recebeu este nome por se encontrar à direita do palácio do governo, a outra faz jus ao nome pela grande presença de mercadores na região.

Além dessa alusão ao momento vivido, diversas ruas e avenidas ganharam nomes de personalidades que marcaram seu nome através da história ou mesmo tiveram grandes feitos ligados à cidade e ao estado.

É nesse âmbito que vamos nos concentrar: quem foram esses personagens que ganharam ruas e avenidas como homenagem. Vamos te apresentar formalmente quem foram essas 10 personalidades que estão bem presentes no cotidiano de moradores e visitantes de Salvador. 

MANOEL DIAS DA SILVA

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Dono de fazenda na região da, agora Pituba, o comerciante português Manoel Dias foi um dos responsáveis pela idealização da primeira grande expansão em Salvador no começo do século XX, juntamente com Joventino Pereira da Silva.

Morreu antes da obra ser concluída, mas garantiu que seu nome fosse marcado na história, na principal via de fluxo do movimentado bairro da Pituba.

ORLANDO GOMES

OrlandoHomenageado com uma das principais avenidas da cidade, responsável por ligar a Avenida Paralela à Orla através do bairro de Piatã, Orlando Gomes nasceu em dezembro de 1909.

Soteropolitano, formou-se na Faculdade de Direito da Bahia e é considerado um dos maiores juristas do país. Foi professor da Faculdade de Direito da UFBA e, posteriormente diretor, além de ser um cronista famoso. 

“Um dos principais nomes do mundo jurídico da Bahia. Era uma referência entre os juristas  e ainda hoje é referência entre os trabalhos jurídicos que existem”, informa o historiador Rafael.

PINTO DE AGUIAR

pinto Cortando o bairro de Pituaçu, temos a Avenida Pinto de Aguiar. Ao contrário do dito popular - onde se pensa que o nome foi dado por conta da quantidade de moteis na região - ela homenageia um homem: Manoel. Ele foi ilustre professor nascido no município de Alagoinhas, a 120 km da capital, em 1910.

Pinto de Aguiar foi diretor da Caixa Econômica Federal na Bahia aos 23 anos e criou mais de 20 agências pela cidade. Lecionou na Faculdade de Ciências Econômicas e foi membro da Academia de Letras da Bahia, onde ocupou a poltrona número 40. 

“Pinto de Aguiar foi um personagem de destaque que ajudou a entender e falar sobre a história da cidade do Salvador da Bahia, ao longo do tempo”, conta Rafael.

SILVEIRA MARTINS

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Gaspar da Silveira Martins é uruguaio, nascido em 1835. Fez seus estudos no Rio Grande do Sul e começou como juiz no Rio de Janeiro. Chegou a ser nomeado Ministro da Fazenda no período do imperador D. Pedro II, mas pediu demissão poucos meses depois. 

Com a deposição do Imperador, em 1889, com a Proclamação da República, acabou sendo nomeado presidente da Província do Rio Grande do Sul, cargo equivalente ao de governador do estado. É um importante nome do século XIX e esteve à frente da Revolução Federalista, no Sul do Brasil.

REITOR MIGUEL CALMON
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Miguel Calmon du Pin e Almeida Sobrinho nasceu em 1912, em Salvador. Vindo de uma linhagem de políticos importantes, seu pai, Góis Calmon, foi governador da Bahia entre 1924 e 1928 e seu antecessor, o Marquês de Abrantes, foi ministro da Fazenda e dos Estrangeiros na época do Império.

Formou-se engenheiro, mas teve grande destaque na educação, sendo professor e posteriormente reitor da Universidade Federal da Bahia. “Referência da intelectualidade baiana. Acabou recebendo essa homenagem inclusive por conta da ligação [Av. Reitor Miguel Calmon] estar próxima do campus da Universidade Federal da Bahia”, acrescenta o professor.

HEITOR DIAS
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Filho ilustre da cidade de Santo Amaro, é outro político agraciado com uma avenida em seu nome. Heitor Dias Pereira nasceu em 1912, formou-se na UFBA em 1935 e, mesmo chegando a lecionar, teve como marco de sua vida seus cargos políticos pela cidade de Salvador: vereador, deputado federal, senador e também prefeito da capital baiana. 

Foi ministro do Tribunal de Contas do Estado (TCE) entre 1983 e 1986. Morreu em junho de 2000, mas foi homenageado com uma importante avenida que interliga a região da Sete Portas e à Rótula do Abacaxi.

PADRE FEIJÓ
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Com um trajeto entre a Reitoria da UFBA e a Ladeira do Campo Santo, a rua leva o nome de uma importante figura do século XVIII. Diogo Antônio Feijó nasceu em 1784, em São Paulo. Já em 1805, se torna sacerdote da Igreja Católica, rumando para Portugal logo depois. Seu retorno ao Brasil é marcado pelo seu período como Regente, entre 1835 e 1837, após a renúncia de D. Pedro I ao título de imperador do Brasil, em 1831. 

Enfrentou um período conturbado com diversas rebeliões eclodindo pelo país. Renunciou ao cargo em 1837 e após sair da vida pública, foi morar em Vitória e morreu em 1843.

CARLOS GOMES
Carlos

“A avenida é uma homenagem ao nosso grande maestro do século XIX, que escreveu, entre outras grandes obras, ‘O Guarani’”, revela o professor Rafael. Nascido em Campinas, Carlos Gomes fez a ópera inspirada no romance de José de Alencar, sendo vista inclusive por Dom Pedro II.

Com uma carreira musical brilhante, Carlos Gomes chegou a estudar na Itália, onde apresentou sua obra-prima pela primeira vez. Passou dificuldades financeiras no fim de sua vida e faleceu em 1896, no Pará. 

DOM AVELAR BRANDÃO VILELA
Avelar Cortando o bairro da Mata Escura, esta importante avenida recebe o nome do alagoano da cidade de Viçosa, que nasceu em 1912. No ano de 1935 se formou no seminário de Aracaju, começando sua trajetória religiosa. 

Após ser Arcebispo de Teresina, em 1971, Dom Avelar chegou à Salvador para ser o 23º Arcebispo de Salvador e primaz do Brasil e foi representante da igreja católica na Bahia durante todo o período da Ditadura Militar no país. Faleceu em 1986 e além da avenida, garantiu seu nome no bairro de Dom Avelar.

LUIZ TARQUÍNIO
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“Ele foi um dos principais industriais do contexto baiano no século XIX e XX. Foi responsável por erguer um verdadeiro império, principalmente com as fábricas no Subúrbio Ferroviário”, informa o historiador a respeito desta figura histórica.

Soteropolitano, Luiz Tarquínio nasceu em 1844. Filho de uma ex-escrava, e mesmo sendo de origem humilde, foi dono de uma grande cadeia industrial. Foi um dos fundadores da empresa Empório Industrial do Norte, que mantinha o maior complexo fabril da Bahia. Chegou a ser prefeito e morreu em 1903.

Após esse passeio pela história de Salvador, um detalhe a ser destacado é a falta de ruas e avenidas de grande importância que tenham nomes de mulheres. Apesar da existência de Joana Angélica e Anita Garibaldi, a maioria esmagadora traz em suas placas nomes masculinos.

“Isso é muito curioso porque dialoga com o machismo ainda existente naquele período, em não considerar a importância de diversos personagens femininos”, pontua o historiador.

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