Neve Visual: entenda a doença rara que pode fazer sua visão ficar parecida com uma TV em má sintonia
A Neve Visual não cega e ainda não existe cura. A prevenção de doenças neurológicas e o acompanhamento médico regular são alguns fatores que podem prevenir diversas condições clínicas.
Fonte:Dahiele Alcântara*
Que cada pessoa enxerga o mundo de uma forma, certamente, você já sabe. Entretanto, existe uma doença rara onde seus portadores literalmente enxergam de maneira atípica. É a chamada Neve Visual ou Visão Granulada, que atinge cerca de 2% da população mundial.
A característica predominante desta condição é que seus portadores parecem ver o mundo através de uma televisão antiga e mal sintonizada, afinal eles percebem pequenos pontos móveis por todo campo visual, independente de condições da luz, podendo enxergar os tais pontos em completo escuro e até com os olhos fechados.
Alguns especialistas consideram a doença um tipo de alucinação visual, já que o paciente relata ter a percepção de algo que não existe. A condição afeta principalmente indivíduos ansiosos, estressados e portadores de enxaqueca.
Em entrevista com o Aratu On, a médica oftalmologista Lana Martins explicou que a Neve Visual também pode ter origem psiquiátrica, autoimune ou infecciosa. O uso abusivo de estimulantes do sistema nervoso central ou até mesmo alucinógenos também pode provocar a anomalia.
“Essa síndrome tem importância na oftalmologia por seu diagnóstico diferencial de algumas outras queixas oftalmológicas, como Moscas Volantes [pequenas manchas que flutuam no campo visual, como gotas de chuva na janela de um carro]; Flashes Luminosos; Nictalopia [dificuldade de enxergar a noite ou ambientes mal iluminados]; perda da visão noturna; Cegueira Noturna; sensação de halos ao redor das imagens; sombreamentos ao redor das imagens e manchas escuras ou claras no centro da visão [móveis ou fixas]”, disse.
Em paralelo à Neve Visual, outros sintomas podem se manifestar, como exemplo da Fotofobia (quando o indivíduo é extremamente sensível à luz natural ou artificial e acaba sentindo dor ou aflição em ambientes muito iluminados); Palinopsia (continuar vendo o rastro de um objeto mesmo depois de ter deixado de olhar) e Pareidolia (fenômeno onde o indivíduo reconhece imagens de rostos humanos ou de animais em objetos, nuvens e sombras).
O diagnóstico é feito por oftalmologistas e neurologistas, já que a percepção visual é um processo de estágios onde os olhos recebem a informação fotoquímica e o nervo óptico faz a conexão com os centros visuais no cérebro.
“No consultório oftalmológico nós dispomos de exames clínicos e exames de imagem complementares para descartar causas oftalmológicas para tais queixas. O paciente deve sempre lembrar que o referenciamento ao neurologista é crucial para o diagnóstico precoce de doenças graves que podem ser tratadas precocemente, como a esclerose múltipla, que é um dos diagnósticos diferenciais que podem cursar com os sintomas de neve visual”, complementou.
O neurologista Iuri Martins explicou que existem diversas patologias que podem justificar uma inflamação no nervo óptico, responsável pelo campo visual e pela visão.
“Diante dessa situação em que há uma suspeita de inflamação no nervo óptico, que a gente chama tecnicamente de neurite, que possa justificar uma alteração no campo visual causando vista turva, vista embaraçada, vista granulada, é feita uma investigação nesse aspecto com o médico neurologista para descobrir a causa”, detalhou.
A Neve Visual não cega e ainda não existe cura. A prevenção de doenças neurológicas, o acompanhamento médico regular, uma alimentação saudável e a prática de atividades físicas regulares são alguns fatores que podem prevenir diversas condições clínicas que devem estar associadas atreladas à Neve Visual, segundo o neurologista Iuri Martins.
No vídeo abaixo, você encontra detalhes do tema, segundo os especialistas ouvidos pelo Aratu On.
*Sob supervisão do editor, Jean Mendes.
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