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Felizes para sempre? Profissionais falam sobre queda de divórcios na Bahia após isolamento social

De acordo com levantamento divulgado em dezembro, pelo Colégio Notarial do Brasil (CNB), o número de divórcios realizados em Cartórios de Notas caiu 8,1% na Bahia nos 12 meses de 2022, em comparação a 2021.

Fonte:Juana Castro e Lorena Dias

Felizes para sempre? Profissionais falam sobre queda de divórcios na Bahia após isolamento social
Créditos da foto: Joshu Santos e Vanessa Ventura | arquivo pessoal

Há uma opinião popular - quase um consenso - quando considerado o auge da pandemia de Covid-19: o isolamento social foi uma prova de fogo para muitos relacionamentos. Por outro lado, seu fim parece ter feito bem a alguns casais, especialmente os baianos. De acordo com levantamento divulgado em dezembro, pelo Colégio Notarial do Brasil (CNB), o número de divórcios realizados em Cartórios de Notas caiu 8,1% na Bahia nos 12 meses de 2022, em comparação ao mesmo período de 2021. Teria sido descoberta, então, a fórmula para o tão sonhado, mas às vezes utópico, “felizes para sempre”?

Para o advogado Otávio Leal, isso é relativo, porque o que sobressai, hoje, é o querer “viver bem e de forma saudável”, em um relacionamento no qual as partes são respeitadas, assim como seus interesses e integridades física e psicológica. Isso não significa estar junto.

“Não vejo o divórcio como um fator negativo. Ele não pode ser estigmatizado como um dano, uma coisa súbita, um mal na família. Muitas vezes é a salvação para que outros males não aconteçam”, diz Leal, que realiza processos de separação humanizados em seu escritório.

“A gente achou o termo apropriado para uma escuta harmoniosa e de acolhimento. Não é uma tentativa de conciliar casais, mas de conciliar interesses, principalmente dos filhos, para que não se percam em uma ‘guerra’ entre um homem e uma mulher ou pessoas do mesmo sexo. A ideia é que a família continue em harmonia, independente da forma que se escolha viver”, destaca Otávio, que também integra o time de Colunistas On.

Otávio Leal | Imagem: TV Aratu

A própria experiência ajuda no trabalho, já que Leal se divorciou da primeira esposa, com quem teve Maria Flor, hoje com 9 anos, criada em regime de guarda compartilhada. Ele garante que o relacionamento com a ex é respeitoso e harmônico, e frisa que uma criança não precisa perder o convívio porque os pais se separaram. “Pai continua pai e mãe continua mãe, então é preciso arrumar um jeito civilizado de criar aquela criança”, completa Otávio, que também tem Amora, de cinco meses, fruto do segundo e atual casamento.

"Precisamos suavizar a ideia do 'até que a morte nos separe', pois isso acaba aprisionando as famílias. Eu sou a favor do casamento, sou casado e acredito nessa instituição, só que a grande questão é que a gente precisa aprender a viver em harmonia, e não 'casado por casar'”, conclui o advogado, criador da página “Pai, Vem Cá”.

PERFEIÇÃO E FRUSTRAÇÃO

Compactuando de um pensamento parecido, a psicóloga Amanda Vieira fala que é importante desmistificar a ideia do amor romântico e da perfeição, que tem encontrado muito espaço para ser disseminada, principalmente nas redes sociais. “Não existe perfeição. Isso tiraniza todos nós. Quando a buscamos, vivemos níveis de frustração muito altos, porque na nossa humanidade, a falha, o problema, o desencontro e o conflito são naturais”, explica. 

A profissional afirma, ainda, que o que faz a manutenção do relacionamento é a possibilidade de diálogo e de cuidado daquilo que precisa verdadeiramente de mais atenção. Muitas vezes, sim, é necessária a terapia de casal, como um suporte para intermediar a conversa e questões importantes para aquele relacionamento, que deve “reaprender novas formas de acontecer, de tempos em tempos”. 

COMUNICAÇÃO COMO CHAVE

A comunicação - que pode ser um desafio para muitos casais - é fundamental para que essa atualização ocorra. E apesar de a famosa DR (discutir a relação) carregar signos  pesados e desperar certa dose de rejeição, ela se mostra importante para fazer “um monte de reparação”, de acordo com a psicóloga. “Pode aumentar as chances de que o outro acesse aquilo que está sendo dito e possa estar mais disposto a cuidar daquela questão junto comigo, dentro do relacionamento”, analisa. 

O casal de publicitários Vanessa Ventura e Joshu Santos sabe bem disso. “A chave é a comunicação; conversar sempre e não supor se o que disse foi entendido, mas confirmar se foi entendido”, observa Joshu.  

Os dois começaram a namorar em 2018, foram morar juntos no final de 2019 e, no início de 2020, veio a pandemia. Em 2021, quando o Brasil bateu recorde de divórcios, com mais de 80 mil casais se separando, eles seguiram o caminho oposto e resolveram oficializar a relação. “Foi um período em que a gente se uniu muito, apesar do pouco tempo de relacionamento”, diz Vanessa. “E de autopercepção”, completa Joshu.

Fotos: arquivo pessoal

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A publicitária ainda ressalta outro fator para o sucesso da parceria: valorizar a individualidade. “O casal se torna um terceiro organismo, uma terceira vida, mas valorizar seus momentos e lembrar quem é você é importante para qualquer relacionamento sobreviver, dentro ou fora da pandemia”.

O tempo de isolamento social também intensificou a relação. “O relacionamento já era legal e avançou muito em seis a oito meses, justamente pela intensidade física e emocional de se ajudar e se preocupar um com o outro. Não que isso não exista em relacionamentos ‘normais’, mas foi algo que se intensificou na pandemia”, explica o marido. “Nos fez ver que a gente podia estar juntos nos momentos mais difíceis”.

CASAMENTO

Joshu e Vanessa se casaram em agosto de 2021, no próprio apartamento, com noivos e convidados utilizando máscaras. "Precisamos fazer várias adaptações. Casamos no cartório pertinho de casa e organizamos o evento, como um todo, em escala de visita. As pessoas foram interagindo aos pouquinhos, tirando a máscara apenas para comer ou tirar foto", explicou a publicitária.

"Quando olhamos o álbum de fotos, hoje, temos, literalmente, um retrato da pandemia, mas foi super especial", conclui Vanessa. "Foi um marco e está registrado. No futuro, vamos lembrar das dificuldades e alegrias", finaliza Joshu.

Fotos: arquivo pessoal

FELIZES PARA SEMPRE?

Por fim, quando perguntados se acreditam que os casais que sobreviveram à pandemia serão felizes para sempre, eles são sinceros. “Acho que ‘para sempre’ é muito longo, mas, com certeza, esses casais têm uma clareza do relacionamento muito maior, porque passaram por várias etapas. Estar juntos e ser maravilhoso, não quer dizer que é fácil”, reflete Vanessa.

Foto: arquivo pessoal 

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