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A história da chef baiana que vende acarajé em Paris e "matou a vontade" de Anitta; "é uma pessoa, assim, incrível"

Mariele Góes foi para Paris para se especializar em culinária francesa em 2016; depois do curso, ela começou a vender acarajé na França

Por Bruna Castelo Branco

A história da chef baiana que vende acarajé em Paris e "matou a vontade" de Anitta; "é uma pessoa, assim, incrível"
Créditos da foto: divulgação/arquivo pessoal

Imagina estar trabalhando no seu restaurante, tranquila, e aí, ninguém mais, ninguém menos do que Anitta faz um pedido? Isso aconteceu no último domingo (4/7) com a baiana Mariele Góes, 34, proprietária e chef do restaurante La Bahianaise, em Paris.

Era um dia comum de trabalho até que a cantora, que está na Europa há algumas semanas fazendo shows em várias cidades diferentes, postou no Instagram que estava com vontade de comer comida brasileira na França. Ali, começou um mutirão nas redes sociais para que Anitta notasse o La Bahianaise, que serve comida baiana e brasileira há quatro anos. E ela notou.

“A Anitta postou durante o serviço de almoço do domingo. Aí, comecei a receber algumas notificações no meu telefone, sou eu quem cuido das redes sociais do restaurante. A gente viu que ela estava procurando um restaurante de comida brasileira, as pessoas avisaram para a gente. A gente só repostou, não deu para fazer muita coisa porque a gente estava atendendo as pessoas, inclusive, eu estava vendendo acarajé. Mas, a gente fez um ou dois stories pedindo para as pessoas marcarem ela e falarem que a gente existia. Mandei um ‘inbox’ para ela”, disse, em entrevista ao Aratu On, Mariele Góes, que mora na capital francesa desde 2016. 

Quando a movimentação começou, como relata a chef, Anitta estava entrando num jatinho na Holanda rumo à França. Assim que pousou, viu as menções ao La Bahianaise nas redes sociais, e mandou um áudio para o Instagram do restaurante.

“Falando: ‘Gente, quero sim, comida’. Ela pediu comida sem frescura: feijoada, arroz, farofa normal. Ela chamou de ‘farofa de farofa’, e falou que estava com muita saudade de comer isso. O nosso trabalho é para que os brasileiros que estão fora do Brasil tenham uma experiência honesta com a comida. E foi isso o que aconteceu. Na hora que ela respondeu, a gente estava fechando o restaurante. E foi o tempo de correr, pegar a comida e levar”.

A história toda aconteceu no domingo (3/7), mas a ficha de Mariele ainda está caindo. “A sensação é muito doida, é uma mistura de responsabilidade com alegria, com empolgação”. 

“O Alexandre e o Victor [que trabalham com a baiana] são muito ‘Anitters’. E eu também gosto muito, admiro muito a Anitta não só como artista, mas pela maneira como ela gerencia a carreira dela, eu acho incrível. Para mim, é um exemplo de potência da mulher brasileira. Eu estou até agora assim: ‘Nossa, como foi que isso aconteceu?’. Enquanto a gente estava arrumando as marmitas e entrando no carro para ir para o hotel em que ela estava para levar a comida, parecia que era um sonho. Mas não era um sonho, e Anitta matou a vontade de comer feijão”, brincou ela.

Quando Mariele, Alexandre e Victor chegaram ao hotel, Anitta estava fazendo uma troca de figurino para um desfile, e foi a equipe dela quem recebeu as marmitas. Logo depois da entrega, a chef baiana mandou uma mensagem para a cantora: “Anitta, a comida está entregue, a gente espera que você goste, uma pena que a gente não pode se conhecer”. No ato, a artista respondeu com um áudio.

“Ela respondeu no áudio: ‘Não, voltem aqui, subam aqui no quarto, venham cá falar comigo’. E ela respondeu a gente realmente com muita empolgação, deu para ver que ela estava precisando comer feijão, e ela foi super simpática. É uma pessoa, assim, incrível. Uma artista do tamanho dela e da potência dela dedicar esse tempo que passou com a gente, tirou foto, ouviu. Estava todo mundo muito emocionado, e ela foi muito legal com a gente. Ela tem uma energia incrível, muito sorridente, muito feliz”.

ONDE TUDO COMEÇOU

Antes de estudar gastronomia, Mariele se formou em jornalismo pela Universidade Federal da Bahia. Durante o curso, ela fez um intercâmbio de um ano em Paris, e nunca mais esqueceu da cidade. Depois do jornalismo, a baiana foi para São Paulo estudar gastronomia, e ao fim do curso, decidiu ir para a França se especializar em comida francesa. Lá, ela estudou na École Grégoire-Ferrandi, uma das instituições mais reconhecidas do país. “E acabou que por sorte do destino, eu fiquei aqui. E estou aqui até hoje”, contou.

Mariele começou vendendo acarajé em Paris - e deu certo. O próximo passo, em 2018, foi abrir o restaurante, que fica em um mercado municipal da capital francesa. “A gente é um lugar bem pequeno, tem 23m². O restaurante é de comida brasileira com um sotaque baiano muito forte. Tento resgatar muito da minha memória afetiva, da memória afetiva dos clientes. Tento muito trazer pratos que fazem parte do cotidiano das pessoas”.

O cardápio do La Bahianaise, como explica a cozinheira, muda toda semana. O motivo? Para ter sempre uma boa variedade de pratos típicos do Brasil. “Como o lugar é muito pequeno, eu não iria conseguir ter várias opções ao mesmo tempo por uma questão de logística, a cozinha é bem pequena. Eu mudo toda semana os pratos justamente para poder oferecer uma variedade grande de pratos”.

Como toda grande cidade do mundo, Paris é cheia de restaurantes brasileiros. É por isso que Mariele e a equipe, que também é toda formada por brasileiros, tenta não focar apenas nos pratos mais famosos, mas também trazer opções diferentes, como o acarajé.

“Todo mundo faz feijoada, todo mundo faz moqueca. Eu também faço, porque são pratos icônicos, são pratos conhecidos, importantes, mas eu tento fazer outros. Somos o único restaurante de Paris faz acarajé, que é um prato difícil e muito importante, representativo da cultura baiana. Eu tento o máximo possível apresentar para os franceses o que é a comida brasileira. Mas, também, ser fiel aos brasileiros, que foi o que aconteceu com a Anitta. A gente que mora aqui há muito tempo, sente saudade. E a comida é um lugar que fala muito com o coração. A gente sente aquele quentinho quando come uma comida gostosa”.

Com a repercussão do pedido de Anitta, o La Bahianaise (@labahianaise) saiu de 9 mil seguidores para 13,7 mil em 24 horas. “Subiu muito rápido. A mesma coisa é a quantidade de mensagens. Está até difícil para mim, que lido com isso praticamente sozinha, está difícil para a gente responder as pessoas”.

Pessoas de Paris e de cidades próximas, como aponta a baiana, já estão procurando a casa. A partir de agora, comemora Mariele, muito mais trabalho vai vir pela frente. “A gente tem disposição para trabalhar, sim, para fazer feijão para todos os brasileiros que estiverem nessa Europa”.

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