Outubro Rosa Pet: projeto da Ufba oferece tratameto acessível contra o câncer de mama em cadelas e gatas

O outubro também é rosa no universo dos animais de estimação. Afinal, conscientizar os tutores a respeito do câncer de mama em pets é fundamental quando os números preocupam. De acordo com dados do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), o câncer de mama atinge de 45% a 50% das cadelas e 30% das gatas, dos quais 20% dos casos têm diagnósticos tardios.

É o caso da aposentada Lidinea Mattos, de 66 anos, tutora de Billy Jean*, uma gatinha da raça persa, de 13 anos, que foi diagnosticada com a doença no início do ano. Na última última quinta-feira (13/10), Lidinea não conteve o choro de alívio quando o veterinário avisou que a mastectomia tinha acabado e que ela poderia ver a amiga felina em breve.

Billy Jean - que nasceu no dia do enterro de Michael Jackson e possui ‘luvas’ brancas nas patinhas, assim como o Rei do Pop no clipe da música de mesmo nome - foi operada no Hospital Veterinário da Universidade Federal da Bahia (Ufba), no bairro de Ondina, em Salvador. A cirurgia custaria aproximadamente R$ 5 mil numa clínica particular, mas saiu por menos de 2 mil (incluindo os exames) na instituição, referência no tratamento de pacientes oncológicos.

“Ela já era paciente [da Ufba]. São excelentes profissionais e sou muito grata à toda a equipe”, disse a aposentada, explicando que Billy Jean tinha histórico de câncer de mama, pois a mãe morreu em decorrência da doença. Por isso, após o diagnóstico, decidiu castrar a bichana. “A gente castrou mês passado. Se tivesse castrado antes, talvez isso não teria acontecido”, reflete.

Billy Jean | Fotos: arquivos pessoais

A análise de Lidinea tem fundamento, conforme explica a veterinária Laís Pereira, doutoranda do programa de pós-graduação em ciência animal nos trópicos, com ênfase em oncologia mamária, na Ufba.

“As melhores formas de prevenção são o toque e a castração. A gente sabe que cadelas que não são castradas têm uma probabilidade maior de desenvolver tumor de mama”, afirma. “Qualquer ‘nodulozinho’, mesmo que seja do tamanho de um grão de arroz, já é indicado levar ao médico veterinário para avaliar”, frisa a profissional, sugerindo que os tutores aproveitem os momentos de banho ou carinho no pet para fazer a palpação mamária.

PROJETO MAMA E OUTUBRO ROSA PET

Veterinária Laís Pereira | Foto: Aratu On

Laís é uma das integrantes do Projeto Mama (do qual Billy Jean é paciente), idealizado há cerca de 15 anos pela professora doutora Alessandra Estrela. Às segundas e quintas, docentes e estudantes do curso de medicina veterinária da Universidade Federal da Bahia abrem as portas do consultório 7 para a iniciativa, que funciona o ano inteiro, mas com maior força no Outubro Rosa Pet.

Nas tardes de quinta, se você for ao hospital escola, verá alguns animais fazendo quimioterapia, como a cachorrinha Luna, uma lulu da Pomerânia de 11 anos, diagnosticada em outubro do ano passado. “Ela operou, fez a retirada da mama esquerda, mas, devido à gravidade da célula cancerígena encontrada, foi necessário iniciar a quimioterapia”, conta Grasielle. A mascote já fez duas das seis sessões indicadas e vem reagindo bem ao tratamento, apenas com um pouco de enjoo, às vezes.

A servidora optou pela Ufba após pesquisar preços na região do Recôncavo Baiano e da capital. Embora as sessões não sejam gratuitas, o custo é bem menor que em clínicas particulares. 

Segundo Laís, veterinária citada anteriormente, uma sessão de quimio custa de R$ 400 a 600 na clínica particular. Na universidade, o tutor leva o quimioterápico indicado pelo Projeto Mama, em torno de R$ 90 (mais frete), e paga também o material de aplicação (soro, seringa, etc.), por menos de R$ 35, no momento de publicação desta matéria.

Mesmo com um exame de sangue que precisa ser feito antes de cada sessão, sai a menos de R$ 200.

ATENDIMENTOS

De acordo com a veterinária, considerando ainda os efeitos da pandemia de Covid-19, o Projeto Mama realiza, em média, 150 atendimentos por ano. E apenas no ‘Dia D’ do Outubro Rosa Pet, quando a equipe faz mutirão, são realizadas de 90 a 100 consultas. 

Neste ano, o mutirão será no próximo sábado (22/10), das 8h às 12h. Na ocasião haverá atendimento clínico oncológico e realização de exames como raio-x, eletro e ecocardiograma. No mesmo dia, também vai ter atendimento de outras especialidades veterinárias, a exemplo de nutrição, oftalmo e medicina integrativa.

Os atendimentos podem ser marcados pelo telefone (71) 3283-6736, durante o ano, e sem agendamento prévio, no dia do mutirão.

*No dia 17 de outubro, quatro dias após produção desta matéria, a reportagem foi informada que a gatinha Billy Jean não resistiu à uma parada respiratória. A equipe do Aratu On lamenta e se solidariza com a perda da família de Lidinea, assim como as de outras famílias afetadas pelo câncer de mama.

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